terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Quem inventou o Rádio e o Telefone sem fio? Um brasileiro!

Se você respondeu Marconi, ou outro nome, você precisa conhecer não apenas a história do Rádio, mas também do seu país.
Poucas pessoas sabem disso, mas de fato o Padre e professor de história Landel foi o inventor destes aparelhos de comunicação, ele próprio teria dito que se sentia inspirado por Deus para criar um meio de transmissão da palavra para alcançar pessoas com o evangelho. O rádio é o precursor de diversas tecnologias como a TV e telefonia"

“Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto à distância que nos separa desses outros mundos que rolam sobre nossas cabeças, ou sob nossos pés, e eu farei chegar minha voz ate lá.”

Roberto Landell de Moura.
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"Foi no ano de 1891 que o professor de história universal do seminário episcopal e capelão da igreja do Bomfim, padre Roberto Landell de Moura(figura 4), em Porto Alegre, foi transferido para São Paulo e assumiu uma paróquia de Campinas.

Gaúcho, nascido a 21 de janeiro de 1861, fez seus primeiros estudos no colégio Jesuíta de são Leopoudo, no Rio grande do sul, de onde se transferiu para o Rio de Janeiro, matriculando-se na escola politécnica, em 1879. Mais tarde completaria seus estudos na área de ciências químicas e físicas da universidade Gregoriana, em Roma. Era o quarto filho de uma família de 12 irmãos, e tanto seu pai, José Inácio Ferreira de Moura, como sua mãe Sara Mariana Landell de Moura (com ascendência escocesa), eram descendentes de tradicionais famílias rio- grandenses.

Aos 16 anos ainda em Porto Alegre, já havia construído um telefone, ou seja um ano após o anúncio da invenção do telefone pelo escocês Alexandre Graham Bell(1847-1922)- invento hoje atribuído por alguns pesquisadores ao italiano Antônio Meucci (1808-1896) que teria feito a primeira demonstração em 1860. 64

Foi em Campinas que este padre-cientista iniciou a construção de aparelhos de sua exclusiva invenção, e, que iria expor ao público na capital paulista, em 1893. Iniciação cientifica que lhe valeu, quase, a execração de paroquianos exaltados que chegaram, certa vez, a invadir sua oficina e a destruir os aparelhos já construídos.


...Seus modelos originais haviam sido destruídos por fanáticos religiosos, convencidos de que aquela estranha aparelhagem e seu autor deveriam ter parte com o demônio, pois era inconcebível que uma caixa saísse de uma caixa; conforme o próprio Landell relatou ao jornal New York Herald, em 12 de outubro de 1902. 65

Mas situemo-lo, bem mais cientista do que religioso, ainda antes de 1890, época de seus estudos em Roma.
Sua inteligência privilegiada, ou predestinação, como se prefira, fizeram-no, nessa ocasião, estabelecer os princípios básicos em que fundamentaria todo o progresso e a evolução das comunicações, tal como conhecemos hoje, quase cem anos mais tarde.



Figura 5 Conversa a distância através de um raio de luz
Manchete do jornal New York Herald, em 1902.

Ele afirmou então:
1-Todo movimento vibratório que até hoje, como no futuro, pode ser transmitido através de um condutor, poderá ser transmitido através de um feixe luminoso; e, por esse mesmo fato, poderá ser transmitido sem o concurso desse mesmo agente.
2-Todo movimento vibratório que tende a transmitir-se na razão direta da sua intensidade, Constância e uniformidade de seus movimentos ondulatórios, e na razão inversa dos obstáculos que se opuserem à sua marcha e produção.
3-Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos separa desses outros mundos que rolam sobre nossas cabeças, ou sob nossos pés, e eu farei chegar minha voz ate lá.
Estes fundamentos revelam, antes de tudo, a extraordinária visão do futuro deste cientista injustiçado pela historia. Suas teses, firmadas antes de 1890, repetimos, previram a telegrafia sem fio,” a radiotelefonia,” a “radiodifusão”, os “satélites de comunicações”e, por que não , até mesmo os experimentos, na época nem cogitados, como os “raios laser”.
Segundo Ernani Fornari, jornalista gaúcho, teatrólogo, biógrafo e contemporâneo de Landell, o próprio padre confirmou que suas primeiras experiências foram realizadas em Campinas entre os anos de 1893 e 1894, antes, portanto, da transmissão de sinais telegráficos feita por Guglielmo Marconi, no ano de 1895, em Pontechio, na Itália.
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Embora Landell tenha feito inúmeras experiências, algumas foram noticiadas pela imprensa, outras não. No jornal O Estado de São Paulo, em 16 de julho de 1899, aparece, por exemplo, um convite a autoridades, homens de ciência e representantes da imprensa, para uma demonstração de telefonia sem fio aérea e subterrânea que seria realizada no colégio Irmãs de São José, em Santana (Avenida Voluntários da Pátria, 2.678), na capital paulista. 66

Em 10 de junho de 1900, o jornal O Commercio, do Rio de Janeiro, noticiava a experiência ocorrida uma semana antes, em 03 de junho.O pároco de Campinas levou a capital de São Paulo seus estranhos e, talvez, satânicos instrumentos, na opinião de fiéis extremados. Instalou um deles, o emissor, na avenida paulista, ponto dos mais elevados da cidade, e o receptor

Figura 6 Transmissor de ondas, patenteado por Landel e
Construído em 1984 a partir de seu projeto.

no bairro e morro Sant’ana, a oito quilômetros de distância. E de público, na presença do representante do governo Britânico, P.C.P. Lupton, e de outros convidados, consegui realizar a primeira transmissão de voz, sem o auxílio de fios e através do espaço, registrada na história, além de fazer demonstrações de telefonia com fio, a oportunidade apresentou os seguintes aparelhos:

a) O “teleauxiofono”, de telefonia com fio;
b) O “caleofono”, também de telefonia com fio, mas que substitua a campainha de de chamado por um som articulado ou instrumental. (uma espécie de interfone)
c) O “ anematófono”, telefonia sem fio, com nitidez e segurança maior do que a com fio
d) O “teletiton”, telegrafia fonética, sem fio, co o qual duas pessoas podem comunicar-se sem serem ouvidas por outras; e finalmente.
e) O “edífono”, destinado a dulcificar e depurar as vibrações parasitas da voz fonografada, reproduzindo-a ao natural.

No ano de 1900, enquanto o grande feito do sem fio de Marconi não ultrapassava a distancia de 24 kilômetros, o padre Roberto Landell de Moura obtinha do governo brasileiro a carta patente número 3.279, reconhecendo-lhe os méritos de pioneirismo científico, universal, na área das comunicações.
Sem conseguir um decisivo apoio do governo brasileiro ou dos ingleses, muito mais interessados em prestigiar a Marconi, Landell de Moura embarcou, em 1901, para os estados unidos. Em fins de 1904, o the patent Office at Washington concedeu-lhe três cartas patentes: para o telégrafo sem fio, para o telefone sem fio, e para o transmissor de ondas sonoras.
Endividado, retornou ao Brasil em 1905 com a esperança de conseguir, já de posse das patentes americanas, apoio do governo para continuar suas pesquisas. Entrou em contato com o presidente Rodrigues Alves (1902-1906), solicitando dois navios da esquadra de guerra para uma demonstração. O presidente enviou então um assessor para perguntar ao padre-cientista qual a distância que ele queria que o navio ficasse dentro da baía de Guanabara. Landell, querendo mostrar que seus aparelhos eram possantes, com recursos para alcançar grandes distâncias, disse: dentro da baía não, fora... a maior distância que queiram”.
Figura 7 Patente do telefone sem fio em nome
de Landell no departamento de patentes norte-
Americano, conseguido no início do século XX.
E ingenuamente, afirmou que seria assim naquele momento, pois no futuro seus aparelhos serviriam até para “comunicações interplanetárias”. Foi o bastante para selar definitivamente sua sorte. O assessor reportou ao presidente que o padre era um completo maluco e todos os seus projetos foram por água abaixo. O tempo mostraria que ele sabia do que falava. Não lhe alcançaram a extensão do pensamento!.
Decidiu então seguir definitivamente a vida religiosa. Mas sua vocação científica persistia e em 1916 fundou, em Porto Alegre, o gabinete de antropologia experimental, onde fez estudos de hipnotismo, espiritismo e
Figura 8 Projeto do telefone sem fio. Mabuya comunicação e design.
levitação além de outras pesquisas em outros campos. Faleceu em 30 de junho de 1928 de tuberculose em Porto Alegre.

Há um movimento de abaixo assinado para o reconhecimento deste feito no site http://www.mlm.landelldemoura.qsl.br/ Participe.

Fontes de pesquisa :

Figura 4 NETTO. Luiz da Silva. Gênio de batina. Revista nossa história ano3, n.35, out 2006. p. 77. fotografia localizada no instituto histórico e geográfico do Rio Grande do Sul.
64 NETTO. Luiz da Silva. Gênio de batina. Revista nossa história ano3, n.35, out 2006. p. 76.
65 Ibid.
Figura 5 NETTO. Luiz da Silva. Gênio de batina. Revista nossa história ano3, n.35, out 2006. p. 79. Fotografia localizada no instituto histórico e geográfico do Rio Grande do Sul.

66 NETTO. Luiz da Silva. Gênio de batina. Revista nossa história ano3, n.35, out 2006. p. 76.

Figura 7 NETTO. Luiz da Silva. Gênio de batina. Revista nossa história ano3, n.35, out 2006. p. 78. Documento localizada no instituto histórico e geográfico do Rio Grande do Sul.

MOREIRA, Sônia Virgínia. No ar, uma paixão nacional. Revista nossa história. Ano 3, nº 36. Out. 2006.
VAMPRE, Octávio Augusto. Raízes e evolução do rádio e da televisão: cronologia. Porto Alegre: FEPLAM-RBS, 1979. 209 p.


6 comentários:

Marcelo Carvalho disse...

Éric, fizestes reacender em mim a paixão pela História, minha formação original.

Bela aula, nossos alunos precisam aprender a História do Brasil, precisam descobrir nossos valores. Como irão gostar de um país que eles não conhecem?

Um abraço,

Marcelo Carvalho

ericsiq disse...

Obrigado Marcelo.
Na verdade,a força do blog está em constantes postagens para cativar leitores fiéis. O seu por exemplo é parada obrigatória.

Adinalzir disse...

Meu caro Eric
Bela postagem, e uma verdadeira aula de História que estimula o conhecimento histórico em todos nós. Agradeço também a sua visita ao meu blog. Um grande abraço!

ericsiq disse...

Agradeço a visita Prof.Adinalzir.
Encontrei meu antigo tcc do curso de história cujo tema é : "O rádio ensina, pela educação de base a igreja e o estado dão-se as mãos" e postei esta pequena parte da história do rádio citando as referidas fontes.

Unknown disse...

Grande Landel, esse é verdadeiramente um herói nacional. Uma pena a maioria da população brasileira saber que Graham Bell inventou o telefone, mesmo sem ter inventado, e não ter nem ideia da existência de um gênio como o padre Landel, que criou a base da comunicação sem fio. E foi injustiçado pela ignorância dos governantes alienados do Brasil da época, não muito diferente dos de hoje.
Ótimo post, parabéns.

ericsiq disse...

Obrigado Sobral.