domingo, 19 de dezembro de 2010

O rádio ensina: Pela educação de base a igreja e o governo dão-se as mãos (parte IV- O MEB e o sistema rádio-educativo,conclusão.)


O MEB e o sistema rádio-educativo.

O MEB acredita muito no uso da Mídia. Aproveitando a popularização do rádio de pilha, o MEB desenvolve toda uma didática baseada no rádio.  Desde o início das suas atividades o MEB utiliza a rede das emissoras católicas para as áreas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País.
O relatório de 1963 do MEB Nacional descreve de maneira bastante clara as características do Sistema Rádio-educativo:

 O Sistema Rádio educativo é constituído por uma rede de núcleos com recepção organizada de programas educativos especialmente elaborados, com supervisão periódica, com trabalho de comunidade e escola. Para o funcionamento desses sistemas são necessários: - um estudo prévio da área em que vai atuar, - a escolha e o treinamento de pessoal das próprias comunidades para a direção das atividades, - a realização de uma supervisão periódica que acompanhe o desenvolvimento das escolas e comunidades e a eficácia da programação. Teoricamente cada Sistema deveria realizar o trabalho de produção e emissão de programas, mas há Sistemas em que as equipes utilizam a programação de um Sistema próximo por não disporem de emissora para elaborar seu programa de atuação, a Equipe Local empreende  um levantamento da área a ser atingida, usando técnicas de estudo de área. Durante este trabalho, as comunidades  são, ao mesmo tempo, motivadas para participarem de ação educativa do MEB, enquanto a equipe colhe dados para seleção de futuros animadores voluntários das comunidades. Delimitadas a área de atuação, a Equipe Local treina os futuros animadores e planeja com eles, o trabalho a ser executado. Iniciada a ação, a Equipe mantém contatos constantes com as comunidades em que se desenvolve o programa, supervisionando e coordenando todo o trabalho. 72

No Brasil, várias experiências foram realizadas na área de Educação a Distância . As primeiras experiências relatadas e que tiveram êxito foram a do Instituto Rádio- Monitor em 1939 e, após, o Instituto Universal Brasileiro, em 1941. Um outro importante projeto relatado na Educação a Distância Brasileira, e que será objeto de nosso estudo, foi o do MEB- Movimento de Educação de Base- em que o principal objetivo era fornecer alfabetização para jovens e adultos. A instrução era oferecida por meio de programas de rádio sendo disponibilizados principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil.
O rádio foi o veículo de difusão do projeto educacional de alfabetização idealizado pelo MEB. Havia 6.218 escolas radiofônicas.




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72 Movimento de educação de base. Relatório nacional. 1963.
O MEB devido a precariedade das comunidades rurais fornecia os receptores transistorizados, com freqüência cativa, a primeira carga de pilhas, ficha de matrícula e de freqüência- colaborando, ainda  na instalação do receptor de antenas, fios e pessoal especializado.  As rádios escolas radiofônicas eram instaladas nas residências dos monitores, localizadas em zonas rurais e atingindo pequenos agrupamentos demográficos, onde nunca houvera antes uma iniciativa educacional. As escolas radiofônicas pertenciam às comunidades e não ao MEB.
A programação das aulas radiofônicas objetivava atingir à massa camponesa. A princípio de adultos, mas que segundo dados de 1963 a 1964- 655 dos alunos tinham entre 15 e 30 anos e 20% tinham menos de 15, e 15% mais de 30 anos.
A linguagem utilizada no programa de alfabetização visava muito mais que o aspecto educacional, ou seja, o ato de ler e escrever. Pretendeu-se acima de tudo, ser uma fonte de inspiração para o homem do campo no que tange à conscientização deste da importância da liberdade do pensamento e que o camponês pensava e deveria ser ouvido no âmbito de sua comunidade e além dela.
A alfabetização foi compreendida desde logo no movimento como integrada à conscientização procurando dar uma visão transcendental do homem e despertando –o para os engajamentos concretos em organizações profissionais, organizações de classes e grupos que visem ao desenvolvimento das comunidades.O conteúdo programático das aulas priorizava a realidade concreta do homem do campo a fim de que pudesse desenvolver habilidades de cálculo, lingüística, assim como conhecimento sobre saúde, trabalho agrícola, esses conhecimentos, revertidos para o seio da própria comunidade. Como disse Laura Duarte:

O objetivo final a ser alcançado é a implantação do reino da justiça, mas para se construir um novo mundo é preciso aplainar o terreno da social cheio de desigualdades, retirar as pedras da injustiça, tapar os buracos da opressão.73

Para a Igreja sendo todo o homem a “imagem de Deus” passa a defender a dignidade humana como um direito natural. A Igreja no mundo de hoje, proclamada no Concilio Vaticano II confirma o eixo diretivo do homem como imagem de Deus na perspectiva bíblica. Lembrando


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73 DUARTE, Laura Maria Scheneider. Isto não se aprende na escola: A educação do povo nas CEBs. 3ª edição- Rio de janeiro. Petrópolis: vozes, 1986
que o homem é constituído de corpo e alma. Portanto, pautada nessas diretrizes da pessoa humana a Educação de Base transcendeu o aspecto puramente educacional de difundir às pessoas conhecimentos básicos que lhe seriam úteis em seu dia a dia no interior de sua comunidade.  Transcendeu, porque passou a relevar a pessoa humana, o sujeito como construtor de sentidos a partir da sua conscientização, de sua natureza histórica, do social e do político que o norteava. Assim sendo, estabeleceram formas de mobilização populares que produziram ações de mudanças da sociedade capazes de estabeleceram as bases sociais de afirmação e da realização e dignidade da pessoa humana.
Entenda-se nesse processo que toda emancipação triunfal do sujeito do cidadão passa pela educação que liberta. A Educação de Base pretendia, portanto educar o homem  para que esse se emancipasse com dignidade. Abaixo reproduziremos alguns textos do patrimônio do MEB:

A educação de base tem como finalidade tornar o homem consciente do que ele é, isto é, das exigências de sua natureza de homem, e de que de acordo com a época e lugar, deve ser feito para que essas exigências sejam atendidas. Assim, hoje, cabe à Educação de base formar o homem brasileiro, tornado-o consciente do que ele é, do seu valor de pessoa dentro do subdesenvolvimento em que vive. Tornar esse homem capaz de colocar a realidade de modo a atender a todas as exigências de sua pessoa. (...) O homem está colocado na natureza, isto é, no mundo. Pelo seu corpo ele também faz parte do mundo, pois seu corpo é matéria, como o mundo. Porém o homem não e só corpo, só matéria. Ele tem em si alguma coisa completamente diferente da matéria, o que faz com que ele seja superior, que ultrapasse a tudo que é do mundo: é a consciência.Por causa de sua consciência é que ele é capaz de dar um sentido, um significado àquilo que ele está fazendo. E esse significado dado pela consciência de um deve servir a todos os outros. O homem, além de parte material, possui uma outra espiritual que o torna superior a tudo no mundo e que tem uma porção de exigências. O homem pelo seu corpo, é matéria por isso ele precisa de condições materiais para viver; alimentação, moradia, assistência médica, roupa, instrumentos de trabalho, etc. Mas não basta apenas isso não se pode parar aí. O homem é também consciência, tem também uma parte espiritual. Portanto, é preciso levar em conta as exigências da consciência do homem: respeito a sua pessoa, à dignidade, ao valor que cada um tem: liberdade de escolher, de resolver pensando não só nele, mas em todos; direito de escolhe, e possibilidade de cada um participar das decisões da vida política do país. 74

3.10- A rádio rural a serviço do MEB.

A rádio rural se manteve fiel ao cumprimento de seu projeto de origem através do então Bispo prelado, Dom Tiago Ryan que trazendo do Rio grande do norte a experiência de alfabetização de adultos pelo rádio, associou-se ao movimento de educação de base, da CNBB.


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74 MEB-Escolas Radiofônicas, I Congresso Estadual de Monitores-Goiás, Tema II-Cultura e Educação de base, pontos para debates com os monitores, dezembro de 1963.
Começava-se assim o mais audacioso trabalho de alfabetização pelo rádio, que em 1985, quando o projeto a nível nacional foi desativado, o sistema rádio educativo de Santarém, havia atingido 318 comunidades em toda a região do baixo e médio Amazônas, com suas 320 escolas, assistidas pelos seus 32 monitores, servindo a 2000 alunos adultos em alfabetização e 4000 em séries subseqüentes.
É de singular importância sublinhar o privilégio e o desempenho que a rádio rural teve no impulso desenvolvimentista das décadas 60-70. Foi nesse contexto sócio-político-econômico, que a rádio nasceu, firmou-se e deixou sua marca inconfundível de serviço ao município de Santarém e a toda a Amazônia.
Em meados de 1964, D. Tiago Ryan, fundador da rádio emissora de educação rural, após um encontro nacional dos bispos, retornou à Santarém entusiasmado com a idéia de criação do MEB em Santarém. Composta por 17 elementos distribuídos entre administração, e supervisão radiofônica. Em 1965 começou a funcionar as escolas radiofônicas em 36 comunidades, com a participação de 1036 alunos. Primeiramente as escolas se preocuparam com a alfabetização de adultos e posteriormente de crianças.
Como conteúdo além da alfabetização, da instrução catequética, o MEB, propôs, também conhecimentos gerais sobre saúde, higiene, alimentação, saneamento, educação doméstica, folclore, artesanato, e outras atividades que contribuem para a promoção humana na perspectiva do desenvolvimento comunitário.
Na época de 70 a 72, apogeu do MEB em Santarém, o movimento atingiu 318 comunidades, e aproximadamente dois mil e duzentos alunos de alfabetização e mais de 4000 de ensino supletivo de 1ª a 4ª séries. Número este, que abrangia os municípios de Santarém, Monte Alegre, Alenquer e Prainha. Em 1973, houve um desmembramento do movimento em Monte Alegre, neste mesmo ano, devido a uma redução dos repasses de verbas consideráveis, houve uma diminuição da área de abrangência do MEB na região.
A professora Aurenice de Araújo Gabler (1942-), pedagoga e especialista em psicologia da educação, relatou sua experiência no MEB em Santarém:

As comunidades que participavam de início eram as comunidades de Saracura, Arapixuna, Cararexá, Arapemã. Mais tarde somaram 36 comunidades. Eram em média 15 a 20 alunos, o material didático variava de acordo com a prática mais de Paulo Freire, que eram cartazes, depois cartilhas. O material didático era produzido pela equipe, construção de texto a partir da realidade do povo. Todo material didático era construído pelo próprio grupo. D. Tiago Ryan era o presidente do MEB, ele fazia parte do conselho do diretório nacional. A primeira coordenadora foi a professora Francisca Carvalho entre os anos de 1965 e 1972. Professora Aurenice coordenou de 1974 a 1985. finalmente ficou aos cuidados do professor Edson, não havia etapas, havia mudanças de propostas, ou seja, momentos: 1º momento- uma época de trabalho bem aberto. 2º momento- repressão , tudo era controlado, minguado, não se podia falar muito, ou seja, tudo era restrito. 3º momento-  tornou-se como opção partidária levantando bandeira do PT( Partido dos trabalhadores), tomando rumo da decadência. Instalações físicas. No começo era uma casa simples, depois mudou para os altos da rádio rural (salas amplas), prédio em alvenaria. O pagamento dos funcionários eram através dos recursos que vinham do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e a CNBB (Conferência Nacional do Bispos do Brasil) através dos convênios. O movimento foi sempre destinado desde o início para o povo do interior e depois, mais para o final, é que houve algumas escolas da cidade. 75

A senhora Maria de Lourdes Souza, 68 anos, aposentada como trabalhadora rural, residente hoje na comunidade de Cuipiranga, mãe de quatro filhos e onze netos, foi aluna do MEB, e sobre o movimento, prestou o seguinte depoimento:

Eu estudei no ano de 1978, mas antes fui e também era monitora ao mesmo tempo por já ser alfabetizada, tenho hoje o boletim de estudante e certificado de monitoria, as aulas, eram transmitidas pelo rádio e acompanhadas nas apostilas; a rádio que fazia a transmissão era a rádio rural, que também transmitia o projeto Minerva aulas de outra cidade. Estudávamos em um barracão comunitário na ilha do Marimarituba, no período da noite à luz de vela, lamparina e Lampiões doados pelo MEB, quem ministrava as aulas pelo rádio era Marília Sarmento; que tinha duração de meia hora e após essa meia hora eu que acompanhava junto com os outros e ajudava os que tinham mais dificuldades. Ouço a rádio rural desde 1965, quando comprei meu primeiro rádio. Até os dias de hoje a sua importância na minha vida é porque ela transmite boas mensagens para o meio rural; na educação, evangelização, entretenimento e também é um melhor meio de comunicação do povo da cidade com o interior e outras cidades e até outro estado. Aprecio muito os programas religiosos; os jornais, o puxirum por ser uma cooperada. As mensagens de vida que a rádio me deu de incentivo foi para participar das semanas catequéticas e a ser catequista por muitos anos; a rádio me levou a participar das associações comunitárias, sindicais. Lembranças do passado à  40 anos é que  vozes de alguns locutores deixaram saudades como Emir Bemerguy, Osmar Simões, D. Tiago, Frei Vianey, quando eu cheguei a conhecer o prédio da rádio rural, funcionava ainda na travessa dos mártires, programa mais antigo é o correspondente rural, no primeiro horário às 13 horas, hoje, já houve mudança, e na época do garimpo às 17 horas, já não existe mais... 76

Por um Brasil de outrora não muito distante e/ou diferente deste, tentava-se combater o analfabetismo, o MEB, teve um papel importante na vida de centenas de ribeirinhos que sonhavam em ter muito mais do que crescimento educacional, pretendiam ter conhecimento cul-



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75 GABLER. Aurenice de Araújo. Depoimento. [set. 2005]. Entrevistadora: Maria Izabel Souza de Oliveira.(Apud. OLIVEIRA. 2006. p 63.
76 SOUZA. Maria de Loudes. Depoimento. [set. 2005]. Entrevistadora: Maria Izabel Souza de Oliveira.(Apud. OLIVEIRA. 2006. p 64.

tural, social, religioso e econômico.
O Sr. Manoel de Aquino Costa,(1945- ) que hoje é trabalhador rural e pescador profissional, residente na comunidade Cuipiranga, foi monitor do MEB e conta sobre a presença do movimento na comunidade de Cuipiranga:

Comecei como monitor do MEB em 1966, na comunidade de Cuipiranga, depois passei a ser aluno. Na época atuava como catequista e presidente da comunidade do Piauí e fui indicado pela comunidade e apoiado pelo MEB, e levado a fazer um curso de treinamento no convento São José. A escola começou a primeira turma com 30 alunos aproximadamente, com idade entre 18 a 40 anos, na comunidade do Piauí e na comunidade de Cuipiranga com 20 alunos, mais jovens, entre 18 e 25 anos. As aulas eram transmitidas pelo rádio com duração de meia hora, que seria acompanhado em apostila, e esplanada com a turma e muitas vezes tive que pegar nas mãos de certos alunos para poder faze-lo a aprender, pois as aulas eram diárias e finitas, não tinha segmento, todo o dia uma aula diferente. Sobre a estrutura física das salas na comunidade de Piauí era no barracão comunitário onde funcionava também a escola diurna São José e as aulas do MEB eram à noite, com iluminação no início era lamparina, velas, depois o MEB doou lampiões a querosene e o rádio sendo estes devolvidos ao MEB. É necessário ressaltar a importância da rádio rural nesse processo, D. Tiago teve um pensamento muito feliz em fundar  a rádio rural, pois melhorou muito para as comunidades, uma espécie de desenvolvimento cultural, e um meio de educação para o povo daquela época e até mesmo de hoje. A rádio é importante, pois para mim que precisava do certificado de 5ª série que naquela época era para mim a universidade de hoje, e ela veio em boa hora. Ouça porque incentiva e transmite coisas maravilhosas para a vida do povo do interior, ouço desde a primeira programação até a última. Meu programa preferido é de madrugada o programa do Gerson Gregório e Silval Ferreira de segunda a sexta-feira e nos domingos o sintonizando a Z 20, pois sou sócio e todas as notícias de interesse acontece lá, para o pescador. 77

Com aulas a base de lamparina o caboclo da região ribeirinha, conseguia aprender, e tinha em professores dedicados como Manoel de Aquino, a chance de sair da “escuridão” do analfabetismo. 
  
CONCLUSÃO

Certamente este é mais um fato curioso na história do Brasil, o governo federal de um país laico contrata os serviços de uma igreja, no caso da igreja católica para fazer a urgente alfabetização de base, haja vista a impossibilidade de formar tantos professores e envia-los as mais longínquas regiões do país, o que atualmente é visto pelos estudiosos do assunto como a forma mais econômica encontrada para alcançar este objetivo, e também porque a igreja estava e está em todos esses lugares.
No decorrer deste trabalho, o que mais nos chamou a atenção, foi a atuação dos monitores das escolas radiofônicas, que trabalharam voluntariamente, desconhecidos por nós, mas fundamentais na aprendizagem de seus conterrâneos, ensinando e ajudando com o pouco que sabiam a comunidade onde viviam.
O MEB ajudou a diminuir o índice de analfabetismo no país, em suas 6218 escolas radiofônicas, mais do que isso, lutou pela conscientização do homem rural, abrindo caminho outras situações como o sindicalismo rural e a luta pela reforma agrária.
No entanto o que passa desapercebido por aqueles que fazem uma rápida leitura do período estudado, e até mesmo por se tratar de igreja e de ser um nobre projeto, é que houve falhas gravíssimas na fiscalização do dinheiro destinado ao MEB, irregularidades gritantes, a exemplo da falta de depósito da contribuição previdenciária de alguns funcionários do MEB, mas que eram descontadas dos empregados como vimos no decorrer do trabalho, nos levam a desconfiar em outras áreas que seriam menos perceptíveis.
O rádio desempenhou um papel fundamental no MEB, como construtor de socialização na comunidade, embora com recepção cativa. Como objeto de admiração prendia a atenção dos alunos. As emissoras proporcionavam que fossem atingidas muitas pessoas com um único professor ou professora ajudados pelos monitores na comunidade.
Em 1964, muitas foram as atitudes dúbias de alguns líderes da igreja, em especial no Pará no que diz respeito a sua posição em relação ao MEB nesse momento difícil, foi mais fácil ficar ao lado da situação a arriscar ‘perder a cabeça’ ao lado de católicos progressistas demais para a época. Confundidos com ‘comunistas’ foram perseguidos e até mesmo torturados como o professor da UFPa, Heraldo Maués.
Seria muito interessante que se fizesse uma análise mais aprofundada em alguns aspectos que não adentramos mais, mas que podemos perceber fazendo nossa pesquisa. Por exemplo: em diversas regiões do Pará houve especificidades próprias, a relação da rádio educadora de Bragança com Belém, a análise de cartas que os ouvintes enviavam a rádio educadora de Bragança falando de suas dificuldades no aprendizado; a educação de adultos em Belém que podemos perceber nas fontes; a análise do modo como a igreja católica via os acontecimentos políticos nacionais; o comportamento da igreja com relação a outras religiões, a exemplo de Bragança onde ai do fiel que dançasse o carnaval ou participasse de cultos afros, outra situação foi no jornal ‘a palavra’, a igreja ameaça retirar seu programa de uma rádio em Belém pelo fato de permitir que protestantes levassem ao ar seu programa.
Falando sobre a rádio rural de Santarém, grandes transformações ocorreram, em equipamentos para que possa resistir a globalização, mas nunca se deixou de lado o ideal de educação e inclusão social, por isso respeitada até hoje pelo interiorano. Dom Tiago, seu fundador, deixou uma grande herança a dezenas de pessoas, que vêem na rádio uma fonte de alegria e agradecem pelo trabalho dela em prol da melhoria de vida da população rural. 


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